Bailando no ar, gemia inquieto vagalume:
- "Quem me dera que fosse aquela loira estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
- "Pudesse eu copiar o transparente lume
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!"
Mas a lua fitando o sol, com azedume:
- "Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!"
Mas o sol, inclinando a rútila capela:
- "Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Por que não nasci eu um simples vagalume?"
Machado de Assis
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
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