quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Ode ao Outono

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(...)
Foi sempre meu desejo
ser aprendiz de Outono,
ser pequeno irmão
do laborioso
mecânico dos cumes,
galopar pela terra
repartindo
ouro,
o inútil ouro.
Mas, amanhã,
Outono,
ajudar-te-ei,
farei com que os pobres
das caminhos
recebam em folhas de ouro.
Outono, boa montada,
galopemos,
antes que o negro Inverno
nos impeça.
É duro
o nosso trabalho.
Vamos amanhar a terra
e ensiná-la a ser mãe,
a guardar as sementes
que no seu ventre
vão dormir cuidadas
por dois ginetes vermelhos
que correm pelo mundo:
o aprendiz do Outono
e o Outono.

Assim das raízes
escuras e ocultas
poderão sair bailando
a fragrância
e o manto verde da Primavera.

Neruda, Pablo, Odes Elementares, Lisboa, 14ª Edição, Publicações Dom Quixote, 1977

1 comentário:

Anónimo disse...

Hello!

Asuka