domingo, 23 de outubro de 2005

Tourada do Tordo

Não importa sol ou sombra
Camarotes ou barreiras
Toureamos ombro a ombro
As feras.
Ninguém nos leva ao engano
Toureamos mano a mano
Só nos podem causar dano
Esperas.

Entram guizos chocas e capotes
E mantilhas pretas
Entram espadas chifres e derrotes
E alguns poetas
Entram bravos cravos e dichotes
Porque tudo o mais
São tretas.

Entram vacas depois dos forcados
Que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
Que não pagam nada
E só ficam os peões de brega
Cuja profissão
Não pega.

Com bandarilhas de esperança
Afugentamos a fera
Estamos na praça
Da Primavera.

Nós vamos pegar o mundo
Pelos cornos da desgraça
E fazermos da tristeza
Graça.

Entram velhas doidas e turistas
Entram excursões
Entram benefícios e cronistas
Entram aldrabões
Entram marialvas e coristas
Entram galifões
De crista.

Entram cavaleiros à garupa
Do seu heroísmo
Entra aquela música maluca
Do passodoblismo
Entra a aficionada e a caduca
Mais o snobismo
E cismo...

Entram empresários moralistas
Entram frustrações
Entram antiquários e fadistas
E contradições
E entra muito dólar muita gente
Que dá lucro as milhões.

E diz o inteligente
Que acabaram as canções.

Ary dos Santos, voz de Fernando Tordo - 1º lugar do Festival da Canção da RTP de 1973

1 comentário:

Anónimo disse...

Hello.

Esta foi a canção que ouvimos em História, certo?
Estiveste a ver o festival na RTP1 sábado à noite? é isso que tu fazes aos sábados à noite, em vez de ires para a discoteca até às sete da manhã e embebedares-te. Não sabes ser como eu, que se põe a ouvir Belinda Carlisle, A-ha e Depeche Mode até à meia-noite enquanto estuda linguística portuguesa?
Pois, como se eu estudasse... Ponho-me a ver televisão e a ouvir música...
Não vi o festival, mas a "Waterloo" ganhou.

Asuka